Exposições, peças de teatro e tours históricas destacam a presença do legado feminino em diversos destinos britânicos

 

As galerias e museus de Londres são um prato cheio para os fãs de arte e cultura celebrarem o pioneirismo feminino. Foto:VisitBritain/Sam Barker

 

A história da Grã-Bretanha está repleta de contribuições de mulheres pioneiras ​​que ajudaram a moldar o mundo em que vivemos hoje. Das lutas do movimento sufragista em Manchester à vanguarda da arte da escultura na Cornualha, as conquistas históricas das mulheres são encontradas por todo a parte na Grã-Bretanha – e podem ser uma referência e tanto para quem está planejando um roteiro de viagem por lá.

 

Para o Dia Internacional das Mulheres, o VisitBritain preparou uma lista de inspirações e experiências únicas: os visitantes podem descobrir exposições que destacam o legado feminino e conhecer os locais que inspiraram obras artísticas e literárias de renome enquanto vivenciam a Grã-Bretanha através da história das mulheres.

 

Descubra o legado e a arte feminina em Londres e Bristol

 

Quem sonha com Londres pode planejar uma visita a Newington Green, em Islington, para prestar homenagem a Mary Wollstonecraft. Muitas vezes chamada de "mãe do feminismo", Wollstonecraft lutou pela igualdade de direitos na educação e pela melhoria do estatuto das mulheres no século XVIII. 2020 marcou o 200º aniversário de sua morte e viu a inauguração de uma estátua comemorativa criada pela artista Maggi Hambling, que homenageia a escritora do revolucionário A Reivindicação dos Direitos da Mulher, de 1792, que também é mãe da renomada autora Mary Shelley, que escreveu Frankenstein. É possível refazer os passos de Wollstonecraft pelas ruas de Spitalfields, que conta com casas históricas e seu inigualável mercado aberto, um dos mais adorados de Londres.

 

Os museus e galerias de Londres são uma parada obrigatória para todos que visitam a cidade. A programação de 2024 das duas unidades da Tate, por exemplo, apresenta uma série de artistas femininas mundialmente famosas. Na Tate Modern, os Infinity Mirror Rooms de Yayoi Kusama, um sucesso internacional, estarão disponíveis para visitação até 28 de abril. Na mesma unidade, a celebrada exposição de Yoko Ono, Musica of the Mind, pode ser visitada até 1º de setembro. A Tate Britain, por sua vez, terá duas exposições dedicadas às mulheres artistas: Women in Revolt!, até 7 de abril, que conta um pouco da história da arte feminina e ativismo no Reino Unido entre os anos 70 e 90, e Now You See Us, de 16 de maio a 13 de outubro, uma exposição que destacará a jornada de artistas britânicas durante 400 anos, de 1520 e 1920, e o legado que deixaram para as novas gerações. Apesar das galerias Tate possuírem entrada franca para seu acervo permanente, para essas exposições é necessário reservar ingressos com antecedência.

 

Para os amantes de teatro, a peça Macbeth (An Undoing) traz uma versão da obra inominável de Shakespeare – também conhecida como "A Peça Escocesa" – criada por Zinnie Harris. Zinnie Harris dedicou grande parte de sua carreira de escritora a reinterpretar personagens femininas em peças clássicas ocidentais, observando-as com um olhar contemporâneo – e esse é o caso de Macbeth (An Undoing), em que Lady Macbeth assume o papel principal ao invés de seu marido. A peça fica em cartaz por duas semanas em março.

 

Saindo de Londres e partindo para Bristol – uma jornada de cerca de 1h30 de trem –,uma instalação de luz e som de tirar o fôlego acontece nas Cavernas Redcliffe. Com estreia marcada para o Dia Internacional das Mulheres, a We Are Warriors combinará milhares de luzes cintilantes e as vozes de 130 mulheres e meninas de Bristol. Essa tocante e poderosa obra de arte será um tributo àquelas que tenham sentido sua voz ou presença abafada, silenciada ou reprimida, e foi originalmente encomendada pelo Bristol Women's Voice para seu programa Deeds not Words, marcando 100 anos desde que as primeiras mulheres receberam o direito de voto no Reino Unido.

 

A Cornualha, no sul da Inglaterra, possui paisagens incríveis e legado histórico de mulheres artistas, como Barbara Hepworth. Foto:VisitBritain

 

Inspirações no sul da Inglaterra

 

O sul da Inglaterra foi o lar de Virginia Woolf, uma escritora que defendeu a igualdade, a reforma educacional e novos estilos e técnicas de escrita. Woolf produziu muitas de suas melhores obras na Monk's House, em Sussex, um refúgio rural do século 16 completo com uma área para escrever, um sereno jardim de casa de campo, pomares e lagos. Uma caminhada e um piquenique pelo Parque Nacional South Downs ou uma viagem à cidade costeira vizinha, Brighton, considerada por muitos a capital LGBTQI+ da Grã-Bretanha, são experiências de fácil acesso na região.

 

Outra grande artista britânica do sul da Inglaterra, Barbara Hepworth desafiou os limites da forma natural na escultura e foi uma das artistas modernistas mais influentes do século 20, tornando o Museu Barbara Hepworth em St. Ives, na Cornualha, um local de grande interesse para os fãs de cultura. É possível conhecer mais sobre a visão da artista ao visitar sua casa, seu jardim e seus ateliês de escultura e gesso, que abrigam a maior coleção de suas obras em exposição permanente. Admiradores de seu trabalho também podem seguira trilha da escultora pelo norte da Inglaterra, com uma visita à galeria Hepworth Wakefield, na cidade de Wakefield, em Yorkshire, onde ela nasceu.

 

Seguindo as pioneiras pelas Midlands até o norte da Inglaterra

 

Em 1903, em Manchester, teve início o movimento das sufragistas, uma organização que desempenhou um papel fundamental na conquista do direito de voto para as mulheres. No Pankhurst Centre os visitantes têm a oportunidade de celebrar este evento histórico no local que anteriormente serviu como residência da fundadora do movimento, Emmeline Pankhurst.

 

Outra experiência repleta de história em Manchester são as tours oferecidas pela instituição social Invisible Cities. A organização realiza treinamento e formação de guias turísticos que foram afetados por situações adversas – como, por exemplo, a falta de moradia – para conduzir passeios exclusivos em suas cidades, proporcionando aos participantes uma oportunidade de aprender mais sobre a cidade e, ao mesmo tempo, contribuir para a comunidade local.

 

Já na região de West Midlands há uma ponto turístico que é também um dos locais culturais mais famosos da Grã-Bretanha: o Royal Shakespeare Theatre em Stratford-upon-Avon. Apesar de ser dedicado ao escritor, o teatro foi o primeiro grande edifício da Grã-Bretanha a ser projetado por uma mulher, Elisabeth Scott, quando foi construído em 1932. Scott defendeu a equidade de gênero durante o projeto, trabalhando para promover mulheres em papéis dominados por homens.

 

Traçando a história das mulheres na Escócia

 

Além de abrigar um arquivo de impressionantes coleções médicas, os Surgeon's Hall Museums narra a história das "Sete de Edimburgo", um grupo que, em 1869, era composto pelas primeiras mulheres a serem matriculadas em uma universidade britânica. Em 1870, este grupo de estudantes de medicina foi imortalizado por um evento que ocorreu em frente ao Surgeon's Hall, quando uma multidão as impediu de realizar uma prova. No WOHL Pathology Museum apresenta a história dessas alunas pioneiras, que angariaram muito apoio para sua causa, tanto de homens quanto de mulheres, e receberam seus diplomas postumamente em 2019.

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