Como uma herança olímpica mensurável é cada vez mais vista como um elemento crucial para o sucesso dos Jogos, analisamos como a história de três chalés de montanha de Cortina está entrelaçada com a dos primeiros Jogos Olímpicos de Cortina 1956 na Itália. Um exemplo de como o investimento orientado a eventos pode durar décadas, olhando para Milano Cortina 2026

Vista do refúgio Pomedes e as encostas. Foto: Cortina 2021

 

Nas primeiras décadas do turismo alpino, os visitantes eram atraídos para a montanha por um desejo profundo, quase místico, de descoberta, exploração e esportes épicos. Embora os tempos tenham mudado – e os turistas também – esses primeiros dias deixaram uma herança que ainda é muito tangível nas Dolomitas: pousadas de montanha.

 

Três dos lodges de montanha de Cortina têm uma história particularmente interessante, na qual o alpinismo e figuras importantes se entrelaçam com as Olimpíadas de 1956.

 

O Rifugio Duca d'Aosta foi construído em 1938 pelo local Giuseppe Lancedelli em uma área estratégica na base do Tofana, a 2.098 metros de altitude. A cabana de montanha recebeu o nome do título de seu hóspede regular de maior prestígio: o príncipe Amedeo de Saboia-Aosta, duque de Aosta e membro da família real italiana.

 

Refúgio Duca d'Aosta. Foto: Refúgio Duca d'Aosta

 

Quando a cidade sediou os Jogos Olímpicos de Inverno Cortina 1956, algumas das corridas de esqui foram realizadas na encosta Olympia da área de esqui de Tofana, que passa ao lado do Rifugio Duca d'Aosta. Esse foi apenas um dos acontecimentos da história do esqui testemunhado pelo rifugio em mais de 80 anos de história.

 

O Rifugio Pomedes também fica ao lado da encosta do Olympia, perto do seu ponto de partida. A pousada deve seu nome ao local onde foi construída, um local que oferece uma vista panorâmica extraordinária sobre o Vale do Ampezzo a 2.303 metros acima do nível do mar.

 

Vista externa do refúgio Pomedes. Foto: Cortina Marketing

 

Luigi Ghedina era um alpinista talentoso e guia de montanha de sucesso que sonhava em construir e administrar sua própria cabana de montanha para oferecer um local confortável e amigável para refresco aos colegas alpinistas e turistas. Ele viu a oportunidade de realizar seu sonho com a aproximação das Olimpíadas e, no final de 1955, Rifugio Pomedes estava pronto, bem a tempo dos Jogos. A cabana de montanha estava lá, servindo como um ponto de vista privilegiado, quando Toni Sailer venceu a prova de downhill, sua primeira medalha de ouro das três que ia conquistar em Cortina.

 

O terceiro lodge de montanha com uma história entrelaçada com a dos Jogos Olímpicos de 1956 é o Baita Pié Tofana. Pié Tofana – literalmente “Pé de Tofana” – foi o local escolhido para a cabana dos cronometristas durante as Olimpíadas. A área estava de fato perto da parte final da pista Olympia.

 

Após os Jogos, a cabana ficou abandonada por alguns anos, até que Livio Calzà, irmão do atleta olímpico Carlo Calzà, decidiu transformá-la em restaurante. O Baita Pié Tofana tornou-se um dos melhores e mais famosos restaurantes de Cortina, e o seu excelente serviço e gastronomia perduram até aos dias de hoje, como comprova o facto de ter sido premiado com um Prato no Guia Michelin 2021.

 

Baita PiéTofana - Cortina d' Ampezzo. Foto: © Paderni Eye Studio

 

Rifugio Duca d’Aosta, Rifugio Pomedes e Baita Pié Tofana comprovam que grandes eventos esportivos podem deixar uma herança que vai além do esporte. Sessenta e cinco anos após 1956, eles ainda fazem parte do tecido econômico e social de Cortina, e ainda estarão lá em 2026, para oferecer mais uma vez um grande conforto nas pistas enquanto os atletas olímpicos correm ao ar livre.

 

Cortina. Foto: www.bandion.it

 

Mais informações sobre as cabanas de montanha de Cortina: dolomiti.org/en/cortina/food/lodges-and-alpine-huts

 

 

 

• Prev
• Next