Idec entra com ação contra Gol por greenwashing

Programa “Meu Voo Compensa” comercializava ativos digitais (tokens) no lugar de créditos reais de carbono

Na última semana, o Idec (Instituto de Defesa de Consumidores) protocolou uma ação civil pública no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo contra a Gol Linhas Aéreas, após identificar que o programa “Meu Voo Compensa” comercializava ativos digitais (tokens) no lugar de créditos reais de carbono, sem informar adequadamente os consumidores. 

A ação pede a condenação da prática como greenwashing e a indenização por danos morais coletivos de R$ 5 milhões, marcando a primeira vez que uma associação de consumidores busca na Justiça brasileira a responsabilização de uma empresa por essa prática.

Além disso, o Idec pede que a Gol seja condenada a realizar contrapropaganda em seus canais oficiais sobre os problemas envolvendo o programa “Meu Voo Compensa”, bem como sejam retiradas do “avião verde da Gol” (uma aeronave da companhia) as alegações ambientais desprovidas de comprovação técnica sobre a sustentabilidade da companhia aérea. 

>>> Acesse aqui o fact sheet, com todos os detalhes sobre a ação

No processo, o instituto alega que a Gol utilizou tokens emitidos pela empresa Moss, mesmo após a certificadora internacional Verra proibir, desde 2022, a tokenização dos créditos que certifica, por riscos de dupla contagem, falta de rastreabilidade, ausência de comprovação técnica de aposentadoria e ausência de adicionalidade ambiental. Apesar disso, o programa seguiu ativo até 2025.

Parte dos créditos vinculados aos tokens estavam relacionados ao Projeto Fortaleza Ituxi, investigado pela Polícia Federal na Operação Greenwashing.

Para o Idec, a Gol prometeu aos consumidores a “neutralização” das emissões dos voos sem apresentar qualquer comprovação técnica, documentos de rastreabilidade ou certificados válidos, configurando publicidade enganosa e prática de greenwashing.

“Os consumidores acreditavam estar compensando emissões reais, mas, na prática, estavam comprando um ativo digital sem validade ambiental comprovada”, afirma Christian Printes, gerente jurídico do Idec.

Em janeiro de 2025, após ser interpelada judicialmente pelo Idec, a Gol retirou do ar o programa “Meu Voo Compensa”, indicou que havia rompido a parceria com a Moss e apagou todas as informações sobre a iniciativa, sem prestar contas em seu Relatório de Sustentabilidade de 2024 (publicado em agosto/2025) sobre os supostos créditos de carbono emitidos em benefício dos passageiros e muito menos qual seria a diminuição das emissões de carbono de escopo 3 (destinada a consumidores da companhia), como fazia nos anos anteriores. 

“Esses programas reforçam a ideia de que a crise socioambiental se resolve individualmente, no carrinho de compras, sem que nada precise mudar no modelo econômico que produz essa destruição. Ao vender a compensação de carbono como solução para as mudanças do clima, as empresas criam uma falsa sensação de alívio de consciência. O problema é que esses produtos carecem de informações claras, completas e verificáveis: se dizem que vão ‘solucionar’ o impacto ambiental, precisam explicar com transparência como isso acontece. Sem isso, o que se tem é desinformação, o que impede avanços reais em direção à transformações profundas no sistema de produção e consumo”, afirma Julia Catão Dias, coordenadora do programa de Consumo Sustentável do Idec.

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