Região dos Lençóis Maranhenses ganha projeto que une turismo de base comunitária, conservação e ciência

“Na Rota do Tamanduaí” aposta em educação ambiental, geração de renda e pesquisa científica para proteger a biodiversidade e valorizar comunidades tradicionais

Para além do rótulo de Patrimônio Natural da Humanidade, título concedido pela UNESCO em 2024, os Lençóis Maranhenses abrigam farta riqueza cultural, muitas vezes defendida por comunidades que vivem à margem da crescente indústria turística estabelecida na região. É diante deste cenário que surge o projeto “Na Rota do Tamanduaí”, iniciativa do Instituto Tamanduá patrocinada pela Petrobrás que promoverá uma série de ações unindo ciência, conservação e educação em prol da inclusão social e da biodiversidade.

Inspirado pelo sucesso de experiências da organização no Delta do Parnaíba, o projeto agora estende sua atuação ao município de Barreirinhas, nas comunidades de Atins, Ponta do Mangue e Queimada dos Britos, além de outras comunidades da Área de Proteção Ambiental Foz do Rio Preguiças, onde o turismo e os ecossistemas caminham juntos, mas nem sempre de forma harmoniosa. Com o tamanduaí – a menor espécie de tamanduá do mundo, que virou símbolo de conservação do manguezal no litoral nordestino – como mascote, a proposta busca reduzir a vulnerabilidade socioambiental da região por meio de ações formativas em educação ambiental, ciência cidadã, geração de renda e turismo sustentável.

Entre as atividades previstas, “Na Rota do Tamanduaí” estabelecerá o programa “Educação na Rota”, voltado para estudantes e professores de escolas públicas das comunidades locais. As atividades incluem a elaboração coletiva de um livro digital com estratégias de educação ambiental contextualizada, caminhadas ecológicas, oficinas e uma feira de ciências com o sugestivo nome: “Ciência, Emoção & Conservação”. Ao longo do projeto, estão previstas pelo menos 20 ações presenciais de sensibilização ambiental, totalizando 50 horas de atividades extracurriculares. Nas escolas, personagens fantasiados de tamanduás, tatus e preguiças vão ajudar na missão de envolver as crianças, especialmente da primeira infância, em atividades lúdicas sobre meio ambiente e conservação.

Onde a natureza encontra a cultura

Ante o crescente interesse nacional e internacional pela região dos Lençóis Maranhenses, impulsionado pelo cenário paradisíaco formado por dunas e lagoas cristalinas, nem sempre ganha destaque a rica diversidade biológica local, intimamente entrelaçada à existência de comunidades tradicionais centenárias que habitam a região e vivem da pesca, da agricultura e do extrativismo. O crescimento acelerado e muitas vezes desordenado do turismo tem pressionado tanto os ecossistemas quanto os modos de vida locais, visto que qualquer alteração neste ambiente complexo, entre dunas, mangues, rios e restingas, pode gerar um efeito cascata de desequilíbrio e escassez.

A partir dessa constatação, o estabelecimento de um turismo comunitário consciente se torna imprescindível. Atrelando ensinamentos sobre conservação à capacitação em hospitalidade, “Na Rota do Tamanduaí” implementará o programa “Tamanduá Hospeda”, que irá promover capacitação de moradores das comunidades, especialmente mães solo com filhos pequenos, para receber turistas em suas casas, oferecendo vivências autênticas e hospedagens com sabor regional. A meta é formar ao menos 10 mulheres para atuarem como anfitriãs e empreendedoras do turismo comunitário, em formação que inclui desde o uso de aplicativos de reserva e tradução até noções de fotografia com celular, gestão financeira e precificação justa. De forma complementar à iniciativa, o projeto investirá na recuperação de 10 hectares de cerrado e 10 hectares de manguezal utilizados historicamente pelas comunidades. Todo o processo será feito com participação direta dos moradores, do diagnóstico à manutenção das áreas plantadas, mostrando que é possível conciliar conservação e valorização dos modos de vida tradicionais ao turismo. Ainda está prevista a instalação de um viveiro comunitário de mudas e sementes, o que irá colaborar com a qualidade de vida da população local.   

Para reduzir o uso de lenha e, ao mesmo tempo, promover saúde e segurança alimentar, o projeto também vai distribuir 40 kits de cozinha sustentável contendo fogões ecoeficientes acompanhados de uma cartilha com receitas locais e um capítulo especial com preparações voltadas à primeira infância. A tecnologia será difundida por moradores capacitados das próprias comunidades, promovendo renda e autonomia.

Ciência e proteção aos Xenarthras

Na parte científica, o foco está nos Xenarthras, grupo que inclui tamanduás, tatus e preguiças. O projeto vai realizar expedições de campo para estudar a ecologia, genética e saúde desses animais, com especial atenção ao tamanduaí, um bichinho difícil de encontrar, mas essencial para o equilíbrio ecológico local. A partir das observações de seu comportamento há a intenção de que as informações sejam utilizadas em colegiados locais, nacionais e internacionais. Jovens moradores também serão protagonistas. Pelo menos 10 deles serão formados em Ciência Cidadã, participando ativamente dos levantamentos e monitoramento do projeto.

Comunicação com sotaque local (e impacto nacional)

O projeto também pretende dar voz à região por meio da produção de conteúdos audiovisuais, livro de fotografias, exposições culturais e documentários, com foco nas lideranças locais e na valorização do conhecimento tradicional. A ideia é que a comunicação seja ferramenta de mobilização social e que a cultura local ganhe o espaço que merece, tanto regionalmente quanto nacionalmente.

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Fonte de dados meteorológicos: wetterlang.de

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