Trecho da minissérie do Museu do Ipiranga, com Preta Rara. Crédito: Divulgação
Com lançamento de podcast e de minissérie, o primeiro museu público de São Paulo conta sua trajetória e as mudanças de uma instituição histórica que olha para o presente
O Museu do Ipiranga, o museu público mais antigo de São Paulo, completa 130 anos aberto ao público em 7 de setembro de 2025. A data não marca apenas a longevidade da instituição, mas também consolida um processo de transformações iniciado há cerca de três décadas, que redefiniu sua atuação e ampliou sua relevância como espaço de pesquisa, preservação e diálogo com o presente.
Como parte das comemorações, o Museu lança a minissérie “Museu do Ipiranga 130 anos: Histórias para pensar o presente”, dirigida por Marcelo Machado. Com quatro episódios, a produção reúne depoimentos de convidados como Preta Rara e Marcelo Tas, além de visitantes e integrantes da equipe do Museu. Entre os temas abordados estão acessibilidade, novas formas de narrar a história do Brasil e a relação do público com o edifício histórico. Um dos episódios parte de uma pergunta recorrente nas redes sociais da instituição — “Cadê aquela carruagem?” — para discutir as transformações no acervo e nas escolhas curatoriais. Os dois primeiros episódios serão exibidos gratuitamente como parte da programação cultural do Museu em Festa 2025, festival anual realizado desde 2017 pela instituição e que ocupa o Parque Independência todo dia 7 de setembro.
Em outubro, será lançado o podcast “Pensar o presente: histórias de um museu em transformação”, produzido pelo Estúdio Novelo. Com cinco episódios, o programa revisita debates já promovidos pelo Museu e aponta os que ainda precisam ser enfrentados, reforçando seu papel como espaço de produção de conhecimento e reflexão crítica sobre a história e o presente do Brasil.
Ao completar 130 anos, o Museu do Ipiranga reafirma sua vocação como instituição histórica em constante transformação, que analisa o passado sem deixar de dialogar com os desafios do presente.
Os marcos do Museu do Ipiranga
Aberto ao público em 1895, sob a direção do zoólogo Herman von Ihering, o Museu dedicava-se originalmente às ciências naturais. Foi no início do século 20, na ocasião das comemorações do centenário da Independência, sob a gestão do historiador Afonso Taunay, que a instituição alterou gradativamente sua organização de museu enciclopédico, para um museu histórico, dedicado a conservar e expor documentos e objetos que reconstituíam a história nacional do ponto de vista de São Paulo. O discurso conduzido pelo então diretor reforçava o protagonismo paulista nos processos de independência do País, e se concretiza principalmente na decoração dos espaços do Museu como o Saguão, a Escadaria e o Salão Nobre, com obras que destacam o passado paulista e criam uma narrativa que buscava glorificar a história nacional.
A transição no perfil do acervo avançou nas décadas seguintes e teve um marco fundamental com o Plano Diretor, publicado em 1990, sob a direção do historiador Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses. O documento orientou a política de pesquisa e aquisição de acervo voltada para a história e a cultura material, oferecendo uma organização conceitual alinhada aos preceitos científicos, técnicos e sociais contemporâneos. Nesse contexto, o Museu passou a dedicar atenção especial à cultura material de pessoas comuns, sem sobrenomes ilustres, o que norteou a incorporação sistemática de objetos e documentos representativos da vida cotidiana — como filtros de barro, escorredores de prato, brinquedos de plástico, embalagens de papel, entre outros itens familiares à população brasileira. Nesse mesmo período, foram incorporadas mais de 12 mil fotografias de Militão Augusto de Azevedo, notável por registrar a cidade de São Paulo na segunda metade do século 19 e por sua marcante produção de retratos, que rompe com a visão subjugada ou estereotipada da população negra, retratando-as como cidadãos plenos.
Essa mudança foi decisiva para o trabalho desenvolvido nas décadas seguintes. A narrativa sobre o Brasil e sobre São Paulo deixou de se restringir à ótica das elites paulistas e passou a contemplar também imigrantes, populações de baixa renda, mulheres e crianças. As obras expostas passaram a ser interpretadas não como registros absolutos da história, mas como representações de seu tempo, evidenciando grupos sociais historicamente marginalizados e ressaltando sua contribuição para a construção da sociedade brasileira.
Em 2022, após nove anos fechado para visitação, o Edifício-Monumento foi reaberto ao público. A reforma, viabilizada por meio da maior captação já realizada pela iniciativa privada via Lei Federal de Incentivo à Cultura, dobrou a área construída e triplicou a área expositiva. Também foram implantados recursos de acessibilidade em todos os pavimentos, com rampas, elevadores, plataformas, piso podotátil e mapas visutáteis. O Jardim Francês e suas fontes foram restaurados, e a instituição passou a contar com novos espaços, como a livraria Edusp, com cerca de 1,8 mil títulos, e a cafeteria Dolcissimo. Atualmente, o Museu dispõe de 49 salas expositivas, que abrigam 11 mostras de longa duração e uma sala dedicada a exposições temporárias.
Com a ampliação do Museu Paulista e a complexidade de sua nova operação, a Fundação de Apoio ao Museu Paulista (FAAMP) foi criada para contribuir com a gestão e ampliar o impacto social da instituição. Sua atuação envolve viabilizar parcerias, captar recursos e promover projetos especiais que garantem inovação, acessibilidade e maior alcance junto à sociedade. Dessa forma, a Fundação fortalece o desenvolvimento institucional do Museu e potencializa sua relevância cultural e educativa, assegurando que ele siga crescendo como referência na preservação e difusão da história do Brasil.
Museu do Ipiranga
Endereço: Rua dos Patriotas, 100
Funcionamento: Terça a domingo (incluindo feriados), das 10h às 17h (última entrada às 16h). A bilheteria abre às 9h nos dias pagos e 10h nos dias de gratuidade.
Ingressos para as exposições de longa-duração: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada).
Entrada gratuita para exposição temporária.
Gratuidades: Quartas-feiras e primeiro domingo do mês. Confira mais informações: museudoipiranga.org.br/visite/
Transporte público: De metrô, há três estações da linha 2 (verde) próximas ao Museu, Alto do Ipiranga (30 minutos de caminhada), Santos-Imigrantes (25 minutos a pé) e Sacomã (25 minutos a pé). A linha 710 da CPTM tem uma parada no Ipiranga (20 minutos de caminhada).
Principais linhas de ônibus: 4113-10 (Gentil de Moura – Pça da República), 4706-10 (Jd. Maria Estela – Metrô Vila Mariana), 478P-10 (Sacomã – Pompeia), 476G-10 (Ibirapuera – Jd.Elba), 5705-10 (Terminal Sacomã – metrô Vergueiro), 314J-10 (Pça Almeida Junior – Pq. Sta. Madalena), 218 (São Bernardo do Campo – São Paulo).
Pessoas com deficiência em transporte individual: na entrada da rua Xavier de Almeida, nº 1, há vagas rotativas (zona azul) em 90°.
Bicicletas: para quem usa bicicleta, há paraciclos disponíveis próximos aos portões da R. Xavier de Almeida e R. dos Patriotas.
Museu do Ipiranga – USP
O Museu do Ipiranga é uma das sedes do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, que também agrega o Museu Republicano de Itu. É um dos mais completos e modernos museus da América Latina, com 49 salas expositivas no edifício monumento, abrigando exposições de longa duração que apresentam um panorama da História e da cultura material brasileira. São elas: “Passados imaginados”, “Uma História do Brasil”, “Para entender o Museu”, “Casas e coisas”, “Mundos do trabalho”. O Museu também conta com uma sala expositiva no Piso Jardim, pronta para receber exposições temporárias que articulam os conteúdos presentes no edifício monumento a temas da atualidade.
A acessibilidade é tema estratégico do Museu, que busca ser inclusivo para todas as esferas da sociedade. Os recursos acessíveis figuram em todos os pavimentos do edifício, integrados às exposições.
A gestão do Museu do Ipiranga é feita pela direção do Museu Paulista, com suporte da Fundação de Apoio ao Museu Paulista (FAAMP).
O edifício, tombado pelos órgãos de patrimônio municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.
https://museudoipiranga.org.br/
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Patrocinadores e parceiros:
Mantenedor: Shell, Vale
Patrocinador Master: Itaú, Santander
Patrocínio Ouro: B3, Comgas
Patrocínio Prata: Caterpillar, Goodyear, Rede Itaú, Zurich Santander Seguros e Previdência Brasil
Empresas parceiras: Atlas Schindler, Banco BV, Dimensional, Nortel, PWC, Sabesp, Singer e Smiles
Seguros Parceria de mídia: Estadão, Instituto Bandeirantes, JCDecaux, Revista Piauí e Uol