Nova Petrópolis. Foto: Divulgação

 

Em 2024, é celebrado o bicentenário da imigração alemã no Brasil. Conhecida como a cidade mais germânica do Rio Grande do Sul, Nova Petrópolis preserva tradições que moldaram sua cultura e economia, com reflexos visíveis nos negócios e no turismo.

 

A Floricultura Úrsula, que tem 65 anos de história, é um dos exemplos. Fundada na década de 1950 por Georg Sobestiansky, um alemão de origem russa, a floricultura ganhou novo impulso entre 1979 e 1981, quando Hans Hermann Hesse, vindo da Alemanha, se instalou na cidade. Hesse trouxe conhecimentos sobre o cultivo de plantas ornamentais, um curso inexistente no Brasil na época, mas essencial na formação acadêmica alemã.

 

Christine Hesse Gross, filha de Hans e atual gestora da floricultura, destaca a continuidade dos hábitos germânicos na região. "O cultivo de flores e a estética dos jardins são legados dos nossos antepassados. A cidade valoriza esses costumes, refletidos na beleza de suas praças e parques", afirma. Entre as espécies cultivadas, o gerânio se destaca como uma das plantas mais tradicionais da Alemanha. "A ética e a pontualidade são valores profundamente enraizados na cultura germânica e que prezamos muito", comenta Christine, que também destaca  a importância de manter a língua alemã viva praticada corretamente em casa. Já no ambiente de trabalho é utilizado o dialeto Hunsrück, muito comum na região. 

 

A troca de experiências enriquece os negócios, trazendo inovações e inspirações do país de origem alemã. Na Padaria Petrópolis, a rica influência da imigração germânica está na sua identidade gastronômica e ao mostrar o compromisso contínuo de resgatar e adaptar tradições ancestrais. A empresa não apenas preserva receitas tradicionais, mas também as revitaliza para os paladares contemporâneos, conta a proprietária Maria Dolores Seefeld. "A gente sempre teve uma forte identificação com a gastronomia alemã em resgatar e manter vivas as receitas dos antepassados que colonizaram a nossa região ", destaca. Ela explica, ainda, que isso vale tanto para as receitas das vovós, muito praticadas nas famílias, ou para aquelas trazidas por mestres padeiros e confeiteiros da Alemanha para uma temporada na empresa. 

 

Entre os ícones da gastronomia alemã que se destacam em suas prateleiras, encontramos o Stollen e o Apfelstrudel, símbolos clássicos de uma culinária que atravessa gerações. Esses pratos, antes raros fora da Alemanha,  são acessíveis a todos os clientes da Padaria Petrópolis, graças à dedicação em trazer autenticidade sem abrir mão da adaptação ao contexto local. "Também temos as cucas, que são muito típicas dessa nossa região e que são um carro-chefe de vendas, encontradas com diversos recheios, sabores e todas têm uma grande aceitação" frisa.

 

Também na área da gastronomia, se destaca o Restaurante Torquês. Quem entra no local, se sente em um verdadeiro pedacinho da Alemanha com sua tão esperada Noite Alemã. "A proposta combina comida tradicional, um grupo de danças típicas, presente para animar o ambiente com suas performances e uma bandinha que garante a trilha sonora perfeita para a ocasião", explica Eugênio Grings, proprietário do estabelecimento. A experiência  promete não apenas satisfazer os paladares mais exigentes, mas também encantar os visitantes.

 

Além disso, a cultura germânica se reflete nos atrativos turísticos de Nova Petrópolis. O Parque do Imigrante é um ponto de destaque, apresentando uma aldeia de imigrantes reconstruída, onde as casas em estilo enxaimel abrigam produtos típicos e artesanato. Os visitantes podem experimentar um ambiente que remete diretamente à Alemanha, promovendo uma imersão cultural única.

 

Nova Petrópolis. Foto: Divulgação

 

"Com suas tradições vivas e uma forte herança cultural, Nova Petrópolis continua a ser um exemplo de como a imigração alemã moldou a identidade e os negócios da região. Ao celebrar 200 anos de história, a cidade reafirma seu papel como um destino turístico de destaque, atraindo visitantes em busca de autenticidade do presente em conexão com o passado", explica Neander Willrich Port, presidente da ACINP.

 

Pin It