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 Ambiente da Casa do Terreiro do Poço. Foto: Victor Carvalho

 

 

Quem viaja ao Alentejo, a maior região de Portugal, situada ao sul de Lisboa, pode ver de perto inúmeros vestígios da época em que o Império Romano ocupou a área. É o caso do imponente e icônico Templo Romano, situado em Évora, ou da bela ponte de Vila Formosa. Mas, este povo também deixou suas marcas na cultura e tradição locais, e prova disso é o vinho de talha.

 

Conhecido por seu paladar encorpado e intenso, o vinho de talha é uma bebida produzida seguindo conhecimentos milenares, passados de geração em geração sem sofrer quase nenhuma modificação com o tempo.

 

Há várias maneiras de produzir o vinho de talha, mas o elemento mais importante e que é comum a todas elas é o uso da talha, grande vaso de barro que pode chegar a dois metros de altura, como recipiente para a fermentação. Além disso, em geral os vinhos tintos e brancos são produzidos da mesma maneira – há até mesmo um tipo de vinho de talha que mistura uvas brancas e tintas, conhecido como “petroleiro”.

 

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Talhas - Adega dos Lagares. Foto: Divulgação/ Turismo do Alentejo

 

Todo o processo de produção é o mais natural possível. As uvas são colhidas, separadas dos galhos e amassadas, e então são colocadas diretamente nas talhas. Dentro do recipiente, a fermentação começa de maneira espontânea, enquanto outro movimento acontece: a separação das películas das uvas, que sobem naturalmente para a superfície do líquido.

 

Para intensificar a cor, o aroma e o sabor do vinho, estas películas, que formam uma cobertura firme, são quebradas e afundadas novamente no líquido, até que, enfim, depositem-se no fundo da talha. Este é o sinal que os produtores do Alentejo esperam, que mostra que a fermentação chegou ao fim.

 

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Talhas - Herdade do Esporão. Foto: Victor Carvalho

 

A retirada do vinho de dentro da talha também é parte importante do método: uma torneira posicionada na parte de baixo do recipiente permite não apenas que o líquido seja passado para as garrafas, mas que ele seja filtrado pelo bagaço que estava no fundo, formado pelas películas, sementes e outras partes sólidas da uva.

 

O resultado é um vinho cheio de personalidade, com sabor que pode variar de acordo com as castas de uvas utilizadas e outras técnicas da vinícola, embora seja possível dizer que a bebida será sempre única e inesquecível.

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