Meios de hospedagem devem ter no mínimo 10% dos dormitórios adaptados até dezembro de 2024

 

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À medida que as políticas de ESG estão transformando os setores da economia e reforçando ações de inclusão, o mercado de hotelaria também direciona a atenção para os recursos de acessibilidade. Mas, além da disponibilidade de soluções é preciso que os responsáveis por novos projetos ou adaptação de ambientes entendam as reais necessidades das pessoas com deficiência.

 

É o que defende Ricardo Shimosakai, professor, palestrante, consultor de acessibilidade e inclusão funcional.  “As soluções existem, o que é necessário é conhecimento. Os profissionais precisam entender quem são as pessoas com deficiência que vão usufruir dos serviços, suas necessidades, recursos disponíveis e aplicação adequada. É preciso entender a acessibilidade para fazer da forma correta”.

 

O setor é um dos que têm se movimentado para tornar as estruturas dos estabelecimentos mais acessíveis. De acordo com decreto 11.303, de dezembro de 2022, os meios de hospedagem devem, até o dia 3 de dezembro de 2024, ter percentual mínimo 10% das suítes estruturadas para pessoas com deficiência.

 

Claudio Vidal, engenheiro civil e fundador da empresa Box Acessível, criou, a partir de uma experiência familiar, um sistema para banheiros que elimina desníveis entre a área de banho e o ambiente externo, permite a instalação de box na área de banho sem a necessidade dos trilhos de chão tradicionais e conta com sistema de escoamento de água, o que evita, também alagamentos pelo local, trazendo mais segurança aos usuários. Pela solução, a empresa conta com apoio do Founder Institute, startup aceleradora de negócios.

 

“Meu sogro morava com a gente e necessitava de cuidado. Na hora do banho, os cuidadores precisavam utilizar uma cadeira de rodas e o batente do chão atrapalhava a passagem, o que tornava o processo muito trabalhoso, desconfortável e com riscos de quedas. E eu passei a refletir no porque daquele batente existir para conter a água e evitar que ela se espalhe por todo banheiro. Desenvolvi, então, o projeto que faz a contenção da água, sem obstáculos para o trânsito das pessoas. Nossos equipamentos são novidade na construção civil”, conta Vidal.

 

Sérgio Antonio Moelin, diretor industrial da Metalworks by Crismoe e membro da comissão da ABNT que a cada quatro anos revisa a NBR 9050 de acessibilidade a edificações, mobiliário e equipamentos urbanos, conta que empresa, que fabrica acessórios para banheiros, lançou recentemente uma solução chamada Snapself que utiliza as barras de apoio, já reconhecidas pelo mercado, mas com a possibilidade de adaptar e desadaptar os espaços, um recurso para ampliar as reservas.

 

“Quando o hoteleiro necessita transformar um apartamento, tem barras que podem ser fixadas com rosetas com roscas internas. Ao retirar as barras, ele pode encaixar tampinhas com o mesmo acabamento na base de fixação. Parece um detalhe de decoração, que também permite ampliar os quartos adaptados e, no caso de desabilitar os espaços, evita deixar visível os furos na parede que podem ocasionar infiltrações durante a limpeza. Com cinco barras, é possível deixar o box do chuveiro, o assento sanitário e o lavatório dentro da NBR 9050. É um sistema novo”, afirma Moelin.

 

Além das estruturas, os serviços também precisam ser inclusivos. Luís Fernando Gomes, diretor comercial da Harus, empresa que disponibiliza soluções para hospitalidade, conta que a companhia tem duas linhas de amenities com comunicação em braile. “Hoje, os hotéis também devem oferecer produtos com acessibilidade para os hóspedes. As linhas têm kits completos de amenities com shampoo, condicionador, creme dental, pente, touca de banho”, diz.

 

Estas soluções foram mostradas na Equipotel, evento de hospitalidade referência na América Latina, que aconteceu no Expo Center, em São Paulo e terminou na sexta-feira, 22.

 

 

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