Carretera Austral

A mítica Carretera Austral na Patagônia chilena. Foto: Jaime Bórquez

 

Por Jaime Bórquez

 

O Chile já é um destino bem conhecido para o publico brasileiro, mas, existe um que somente há alguns anos vem aparecendo na lista das viagens oferecidas pelas agências e operadoras locais. Já escutou falar da Região de Aysén? Possivelmente não, menos ainda da região de General Carlos Ibañez del Campo. Ok, possivelmente algum dia escutou ou leu sobre a Carretera Austral no Chile. Bem, então saiba que os três nomes pertencem a este mesmo destino quase desconhecido para o viajante brasileiro. E onde fica especificamente este lugar? Simples, está entre os lugares mais conhecidos, como Puerto Montt e Torres del Paine. Quem gosta de pegar a estrada, seja de carro ou de moto, costuma estar de olho neste destino, justamente para percorrer a Carretera Austral, tão mítica quanto a Route 66 nos Estados Unidos.

 

Outono

Carretera Austral no outono. Foto: Jaime Bórquez

 

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Carretera Austral. Foto: Jaime Bórquez

 

A Patagônia Norte do Chile tem essa "carretera", ou estrada, como uma coluna vertebral que a percorre por mais de mil quilômetros. Nesta longa e estreita faixa de terra, com pontos onde só há 40 km entre o mar Pacífico e a Cordilheira dos Andes, que é o limite com Argentina, há uma variedade de paisagens que surpreendem ao mais frio visitante. Esta é uma das maiores regiões do Chile. Nela cabem uma Suíça, duas Bélgica e é cinco vezes menor que o Pantanal. Há apenas 100.000 habitantes, 1.800.000 ovelhas e 950.000 cabeças de gado. Há 4.800 rios, mais de dois mil lagos e lagoas, 1.200 ilhas e 28 geleiras. Pode assim se entender a multiplicidade que há na paisagem, Fechados bosques de carvalho sempre verdes, altas montanhas andinas, extensos pampas, um emaranhado de arquipélagos, enfim, um paraíso para aqueles que gostam de curtir a Natureza.

 

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Alguns aventureiros preferem percorrer parte da Carretera Austral a pé ou de bike. Foto: Jaime Bórquez

 

Então pode surgir a pergunta: como conhecer esta região? Temos duas respostas. Uma é em veiculo próprio, carro, moto ou bike. E tem até quem a percorre a pé, por incrível que possa parecer. Para isso é bom ter um bom e detalhado mapa ( esqueça Google Earth, o sinal de internet e, claro, o de celular, é inexistente na maior parte da Carretera Austral ) e ter muito cuidado na estrada, que é estreita e quase sem acostamento. É uma aventura e tanto, mas para quem curte esse tipo de viagem a Carretera Austral é um prato cheio.

 

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Carretera Austral. Foto: Jaime Bórquez

 

Uma outra opção interessante é fazer a viagem de avião até a região e escolher um hotel que, além de uma confortável habitação inclua as excursões até os pontos turísticos imperdíveis do lugar, ou seja um perfeito " acampamento base". A nossa dica é esta. A duas horas do Aeroporto de Balmaceda, que alimenta o fluxo turístico da região, fica o porto de Chacabuco, onde está o hotel Loberías del Sur, toda uma surpresa tanto pela sua bem cuidada construção em madeira, como por seu impecável serviço, com destaque para a gastronomia, que mistura perfeitamente a cozinha local com a internacional. Aqui pode se deliciar com os peixes e frutos do mar do mar Pacífico, assim como a truta e o salmão, próprios da região. E claro, provará o cordeiro à patagônica, feito em fogo de chão, com madeira de carvalho, o que da a ele um cheirinho e sabor únicos, acompanhado com os melhores vinhos chilenos.

 

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Hotel Loberías del Sur, em Puerto Chacabuco, às margens do Fiorde de Aisén. Foto: Divulgação

 

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Salmão na gastronomia do hotel Loberías del Sur. Foto: Jaime Bórquez

 

Mas, o hotel Loberías del Sur não só oferece quartos aconchegantes, o forte dele é que nos seus programas estão incluídas as excursões aos pontos turísticos mais importantes da Carretera Austral. Podemos partir pela viagem no catamarã Aysén e ir até a geleira San Rafael, pelo dia. Esta geleira é o xodó da patagônia norte, imperdoável deixar de visitá-la. Setenta metros de altura e um quilometro e meio de gelo, haja uísque para beber a sua saúde! O navio passa três horas diante desse paredão de gelo. Os passageiros tem o oportunidade de se aproximar até ele em lanchas zodiac e passear entre as formações geladas, com cores que vão do azul profundo ao verde intenso, até grandes blocos absolutamente transparentes. Uma experiência mágica que o deixará literalmente gelado.

 

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Geleira na Laguna San Rafael. Foto: Jaime Bórquez

 

Em outro dia, pode-se fazer o passeio até as incríveis Capelas de Mármore do lago General Carrera, o maior do cone sul. Estas formações tem sido esculpidas pela água e os ventos patagônicos em um lento e continuo trabalho por milhares de anos. Ficará impressionado não só com esses túneis e cavernas na rocha, mas também com a inacreditável cor e transparência das águas. Depois do passeio os passageiros se hospedam no parador Loberías Puerto Bertrand, uma típica construção no meio do vale patagônico, de confortáveis habitações e surpreendente gastronomia, na orla do espetacular rio Baker.

 

Catedral de Mármore

Catedral de Mármore. Foto: Jaime Bórquez

 

Cavernas de de marmore

Cavernas de Mármore. Foto: Jaime Bórquez

 

Parador Loberias Bertrand

Parador Loberías Puerto Bertrand. Foto: Divulgação

 

Se depois de um sono reparador acordou com vontade de relaxar corpo e espirito o hotel Loberías del Sur oferece um passeio que encaixa perfeitamente nessa vontade, ir até as águas quentes de Puerto Peréz, um lugar exclusivo para os passageiros do hotel no meio da solitude das ilhas e fiordes patagônicos. A somente 40 minutos de catamarã saindo de Puerto Chacabuco se chega a este idílico cantinho patagônico. Vegetação exuberante, carvalhos milenares, samambaias gigantes e cachoeiras conformam seu entorno. Três piscinas de água quente que vem das entranhas da terra, possivelmente do vulcão Macá que fica a poucos quilômetros, o ajudarão a recarregar as baterias deixando o corpo flutuar nessas águas quentinhas, pronto para novas aventuras!

 

Aguas quentes em Puerto Perez

Nas piscinas de águas quentes de Puerto Pérez pode-se relaxar em meio à natureza e ainda desfrutar de comes e bebes. Foto: Jaime Bórquez

 

Volcan Macá

Vulcão Macá. Foto: Jaime Bórquez

 

Quem avisa amigo é. Deixamos claro que uma viagem até patagônia norte chilena é para quem curte destinos onde a natureza é o principal espetáculo. Quem espera noites de discoteque, dias de compras no mall ou bolinha rodando na roleta esta não é sua praia. As cidades ou vilas que há na região não tem maiores atrativos. Coyhaique, a capital regional, tem uns 100 mil habitantes, Aysén, a segunda em tamanho, tem uns 10 mil, o resto são vilas de 2 mil e até menos de 400 habitantes. E isso, é justamente um dos grande atrativos deste destino, um território que está sendo desbravado há relativamente pouco tempo. Os primeiros colonos chegaram aqui nos idos dos anos trinta, quando ir de um sitio ao outro era, ou caminhando, ou a cavalo, por trilhas atoladas de neve, gelo e embaixo de potentes chuvas que duravam semanas. É bom saber que a estrada Carretera Austral, só começou a ser construída em 1976.

 

Paisagem patagonia

Patagônia norte, Chile. Foto: Jaime Bórquez

 

Huemules Cervo andino

Cervos andinos e Huemul. Foto: Jaime Bórquez

 

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Patagônia chilena. Foto: Jaime Bórquez

 

Ao visitar o parque nacional Queulat temos uma ideia de quanto nos há modificado o aquecimento global. Depois de uma caminhada que dura não mais de 20 minutos chegamos até a orla do lago e, ao fundo, podemos admirar a geleira pendurada Queulat. Saiba que na década dos 60 ela beijava o lago que há aos seus pés... Se não acredita no efeito estufa que sofre a Terra, tente explicar o sumiço da geleira.

 

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Geleira suspensa Ventisquero Colgante, no Parque Nacional Queulat. Foto: Jaime Bórquez

 

Parque Nacional Queulat

Nos anos 60 a geleira Ventisquero Colgante chegava aos pés deste lago. Foto: Jaime Bórquez

 

É bom passear, visitar lugares lindos, tirar muita foto, enviar selfies, mostrar no Facebook ou no Instagram onde andamos, mas também é bom fechar uma viagem com selo de ouro. E é justamente isto que os passageiros podem fazer quando fazem o passeio até o Parque Aikén del Sur, parque privado que pertence ao grupo Loberías del Sur. Aqui teremos oportunidade de conhecer um pouco sobre os nativos que povoaram estas regiões extremas, alguma espécies da fauna e também da flora autóctone. Caminharemos por uma trilha suave por um par de horas, entre carvalhos, samambaias, riachos, cachoeiras, o som dos pássaros, com paradas para entender mais um pouco da vida selvagem que nos rodeia. O trajeto termina no quincho, o sitio típico da patagônia para se reunir ao redor do fogo, comer, beber e compartilhar historias. Melhor não contar o que teremos aqui, para que a surpresa seja ainda maior. Quem visita esta região tirará suas próprias conclusões. Podemos apostar que esta viagem o deixará com aquela sensação de quero mais, o que seria perfeito, já que a Patagônia Norte do Chile tem ainda muito para ser visitado. Ela o espera de lareira acessa e um bom vinho chileno servido.

 

Arrayán em Parque Aiken

Bosque de arrayanes no Parque Aikén del Sur. Foto: Jaime Bórquez

 

cordeiro ao fogo de chão

No quincho do Parque Aikén del Sur, cordeiro patagônico feito no fogo de chão. Foto: Jaime Bórquez

 

Maiores informações: www.loberiasdelsur.cl

 

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Hotel Loberías del Sur, em Puerto Chacabuco. Foto: Viagem News

 

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